[História] Arco Secundário - O templo

Subindo as escadarias de um grande edifício cercado por inúmeras arvores altas e frondosas, uma jovem chorava. Ela olhava para os vitrais coloridos que encenavam guerras, milagres e ressurreições com suspiros. Os olhos escuros e fundos, levemente avermelhados e inchados mostravam sua dor e seus dias de choro continuo.

Nas grandes e monumentais portas do templo, duas pessoas estavam paradas. Um homem alto e jovem, cabelos loiros na altura dos ombros, vestido com um roupas sociais pretas, terno e gravata, algo incomum como o mundo ninja. O homem sorria para a jovem que chegava ao ultimo degrau das escadarias.

- O divino está contigo - Dizia ele segurando a mão da jovem e indicando sua direção para dentro do local.

A outra pessoa do lado oposto ao homem, sorria gentilmente mas não se manifestava, uma linda mulher de roupas azul marinho, uma saia justa na altura dos joelhos, blusa de mangas longas e gola alta com pelos. Ela segurava um livro grosso de couro marrom em seus braços pressionando-o no peito.

Os dois eram claramente pessoas muito diferentes, suas feições, vestimentas e todo o resto. A única coisa que possuíam em comum era um brinco, um brinco feito de papel branco, retangular, onde na face frontal exibia um simbolo antigo e desconhecido, mas na face oposta muitas inscrições quase apagadas percorriam toda sua extensão.

A jovem que antes havia subido arduamente as escadas adentrava o templo. Longas fileiras de bancos de marfim alastravam-se pela gigantesca catedral, os vitrais mais vivos do que nunca, pareciam se mover com os passos da jovem que aflita em sua dor os ignorava, ela sentava-se em um banco retirando de seu bolso uma espécie de colar com uma pequena foto presa como pingente.

- Minha filha, voltas-te - Dizia um homem que se aproximava dela, sentando-se ao seu lado. Ele era baixinho e calvo, com longas vestes claras e uma faixa negra na cintura. Em sua orelha esquerda havia um brinco exatamente igual ao dos outros dois. Os olhos do homem eram completamente brancos. - É bom vela novamente aqui - Dizia ele com sua voz gentil e acolhedora
- Senhor... - Ela dizia entre lagrimas
- Não se preocupe filha, o divino ouvira suas preces - Ele colocava a mão no ombro da jovem - Tudo ficará bem - Ele se levantava e a deixava sozinha.

A jovem voltava as suas orações silenciosas enquanto lagrimas pingavam nos pisos brilhantes do local.

- Agatha? - Dizia uma voz fraca atrás da jovem. Ela se virava rapidamente levantando-se do banco as pressas, com os olhos arregalados, ela sorria
- Pai? Pai é mesmo o senhor!? - Correndo entre os bancos da catedral, Agatha abraçava um homem de cabelos e barba branca. - Como? Como o senhor... - Ela se engasgava quando aos poucos ele começava a desaparecer, o toque frio lentamente sumia ate simplesmente deixar de existir.

- Ele esta com o divino minha filha - Dizia o homem com faixa preta na cintura que resurgia afastado da jovem. Ela se virava rápido
- Como? Como isso aconteceu? - Ela ficava emocionada, parecia feliz, mas confusa
- Minha filha...O divino pode tudo, gostaria de rever seu pai novamente? Gostaria que ele voltasse? - O homem perguntava.
- Sim! É o que mais quero! - Ela se aproximava do homem
- Venha... vamos rever seu pai - Dizia ele virando-se e seguindo para mais fundo no local acompanhando da jovem Agatha.

Do lado de fora, uma brisa quente passava movendo os cabelos dos dois que mantinham-se firmes na porta
- Ela é a próxima? - Perguntava a moça com um suspiro
- Sim, ela será agraciada com o milagre - Dizia o homem de terno
- Estou feliz por ela, o divino é realmente maravilhoso - Dizia a jovem abrindo o livro. Ela cantava ao vento um verso qualquer do mesmo.
- Por que insiste em fazer isso Kuima? Sabes que não gosto da tua voz - Dizia o homem, ele começava a descer as escadas.
- Desculpe Lumaru, eu esqueço-me disso, sua opinião é muito importante para mim -  Comentava Kuima com um sorriso em tom sarcástico.

De dentro da catedral, a jovem que antes chorava saia tranquila, mas sua expressão era séria, até demais.
- O divino esta com você - Dizia Kuima com um sorriso gentil
- O divino esta com você - Respondia Agatha, ela não parecia estar para muitas palavras, sua sensibilidade emocional parecia ter desaparecido - Poderia me responder uma coisa? - Perguntava de supetão
- Claro, o que desejar - Aproximava-se a jovem segurando seu livro contra o peito
- Para qual lado fica konoha? - Perguntava sem esperar a aproximação de Kuima
- Oh, konoha...Ela fica a leste - Dizia entregando um brinco de papel exatamente igual ao seu próprio e ao dos restantes que ali estavam anteriormente.
- Obrigada - Agatha respondia pegando o brinco e atando-o a orelha. A jovem olhava para o céu a leste, uma grande e poderosa energia era liberada dela, sem delongas saltava para o leste com grande velocidade.

- Já ira começar sua tarefa? - Perguntava Kuima com um sorriso, mesmo que a outra já não se encontrasse mais alí para lhe responder. O sorriso, diferente de antes, não era de simpatia ou de felicidade, era algo sínico e estranhamente perigoso. - O divino...Esta com você -

- Então você voltou Genno - Dizia um homem de terno negro ajoelhado sobre degraus claros da grande catedral. - Você experimentou as bênçãos de Jashin e agora veio provar sua fé, não é? - O homem se levantava, os cabelos loiros caiam sobre seu rosto, seu semblante simpático e convidativo agradavam aos que olhavam.
- Foi incrível! - Gritava Genno animado enquanto gargalhava - Jashin é incrível! Por onde devo começar?! Como posso provar minha fé? - O Jounnin questionava em extase.
- Se acalme Genno, este não é um lugar para tanta euforia - O homem acenava para Genno, indicando que ele entrasse na catedral e assim o jounnin fazia entusiasmado.

- Um acolito e tanto - Dizia uma voz feminina - Você não enjoa de brincar assim com eles? - A mulher se ajoelhava ao lado do loiro. - Não achei que fosse encontra você aqui irmã, é um grande desgosto - Respirava fundo.
- Hahahah Desgosto tenho eu de estar ao seu lado - Ela se levantava apertando forte um grosso livro contra o peito - Agora que você o trouxe é minha vez não é? Estou ficando cansada dessas encenações - Ela sua degrau a degrau - Oras Kuima, você é a mulher de fé aqui - Ele soltava um sorriso - Então por que esta me atrapalhando? Volte a seu laboratório "Bispo" Lumaru - Ela comentava antes de sumir na escuridão dentro da catedral.

- Ora, ora, ora, parece que você falhou Kuima - Comentava Lumaru de braços cruzados trajado com seu terno social apoiado em uma pilastra decorada. Um pouco a frente dele estava a jovem Kuima ajoelha com seu vestido bufante em frente a um grande altar. O homem risonho parecia ter um gosto peculiar em provocar sua companheira.
A garota permanecia em silêncio por alguns minutos ate se levantar - Ah, o que você disse? Desculpe estava focada em outra coisa...Não é como se você tivesse resultados melhores...na verdade, nós confirmamos a presença da sacerdotisa em Konoha, ela ainda é fraca. Souban sempre foi apenas uma isca no final das contas - Ela comentava com certa soberba caminhando pelo corredor central do grande templo. O homem a acompanhava provavelmente apenas para a provocar - Kuima, Kuima, Kuima, você é tão impulsiva... Precisará prestar conta aos hereges agora - Ele ria passando na frente da jovem e sumindo em uma porta lateral.

Kuima respirava fundo e descia pelas escadarias. Ela seguia varias horas mata a dentro ate parar em uma pequena clareira. Junto dela, três pessoas se encontravam. Uma mulher de cabelos escuros e curtos, com um estranho tapa-olho batia o pé de nervosismo na grama - Como tem a cara de pau de nos chamar depois da humilhação que sofreu em Konoha? Por sua culpa Hokkaku foi morto em uma missão suicida - Ela falava alto, visualmente nervosa. - Mantenhamos a calma, imagino que vai honrar os honorários de nossos contribuintes...Krarita era um excelente espécime da fábrica - Comentava um senhor de idade bem avançada. Pelo seus trajes tradicionais e luxuosos, ele mais parecia um antigo empresário ou comerciante do que qualquer outra coisa. - Quem se importa para o dinheiro! Quero os nomes! Quem matou Ryoshi?! Irei exterminar esses malditos de konoha! - Gritava um homem claramente muito mais alto que todos ali, os cabelos vermelhos e armadura pesada dourada deixavam nitido que ele não pertencia a cultura shinobi.
- Peço que fiquem calmos, também perdemos um homem nessa missão... - Kuima segurava seu livro contra o peito -  Ryoshi, Hokkaku e Krarita, assim como nosso Souban serão vingados não se preocupem com isso. Pagarei também além dos honorários uma quantia extra pelo inconveniente. Espero que possamos continuar com nosso acordo inicial - Kuima falava calmamente.

Os três encaravam a mulher e começavam a se afastar - Acordo inicial o escambal! Não quero esse dinheiro! Me dê os nomes! - Dizia o homem de armadura.
- Infelizmente, agradeço sua iniciativa mas manteremos nossas relações apenas até aqui. Claramente você possuí falhas em sua segurança e isso comprometeu o sucesso do nosso acordo - Comentava o ancião - Não se preocupe, nós mesmo recuperaremos o corpo do espécime enviado a Konoha -
- Cansei dessa conversa fiada! - Dizia a mulher de tapa-olho.

No fim Kuima ficava sozinha na clareira, ela frustrada apertava as mãos em seu livro e puxava uma mecha de seus cabelos, retirando alguns fios - Minha posição será colocada em risco se isso continuar, vou pegar a sacerdotisa eu mesma! - Ela sai da clareira furiosa - O divino...esta comigo, ele esta comigo - Ela repetia a si mesma como um mantra para se acalmar...

- Onde ela esta? - Akira estava sentado em uma rocha, com sua espada sobre os joelhos dobrados. Ele espirava fundo enquanto aguardava sua companheira.
A frente dele, havia uma especie de tubo cilindrico e transparente, onde em seu interior um cristal roxo flutuava - Hm... - Akira olhava para o cristal e lentamente estendia sua mão sobre o cilindro. Instintivamente o cristal reagia - Interressante - Os olhos escarlates de Akira brilhavam rapidamente em ativação - Como imaginei, só tolos dependeriam disso... - O sharingan sumia de seus olhos e ele guardava o cilindro.

- Maschenny, você sempre demora... - Ele voltava a meditação.