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Mensagem por Shinju Dom Jun 12, 2022 10:11 am

Local: Kiri
Tempo: Passado - mais precisamente, sete anos no passado. No momento em que Maquiavel e Asami se conheceram pela primeira vez.
Personagens: Maquiavel Jaavas e Asami Yamato
Tipo: Simples
Detalhes: Essa segunda parte de cinco Fillers conta o arco aonde Maquiavel e Asami se encontram a primeira vez. Mostrando como suas vidas eram distintas e como, mesmo na distinção de existência e visão de mundo, ainda podia ver a união de diferentes - a união de olhos distintos. Conta, em suma, o início do relacionamento desses dois personagens.


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Mensagem por Ilusionista Qui Jun 30, 2022 10:03 pm

A União entre Olhos Distintos - O Primeiro Encontro (Parte Dois)

Maquiavel POV


Estou na sala escura mais uma vez, as gotas de sangue de ontem ainda se encontram pintando esse chão. Por baixo da extensa mangá que estou usando, os cortes que sofri ainda ardem. Lembrando-me de mais um encontro caloroso entre pai e filho que eu tive. Sua lâmina gostará do sabor de minha carne porém, hoje, especialmente hoje, ela não estará no cardápio.  
Não, hoje a tortura será diferente. Se desenhava como uma cena clara perante essa escuridão. Posso ouvir os gritos perdendo força, os joelhos ralados querendo escapar. Fariam de tudo para a morte evitar. Entretanto, para seu azar, a morte não aceitaria um não como resposta hoje. Hoje era o dia do julgamento dessas almas infantes, o julgamento dos alunos da acadêmia.
Alguns seguravam espadas, outros tentava a sorte com estrelas de metal mas, no fim, o resultado era o mesmo; o destino não poderia ser contrariado. Ainda com suas lâminas limpas, os seus corpos  frios jaziam no solo, com seus últimos sussurros espalhados pelo vento. Havia, nesse mar de vermelhidão, apenas um sobrevivente. Um ser que, desde tenra idade, fora ensinado que isso era o certo; que ser um matador era uma missão nobre.
A criança era um par de anos mais nova do que eu, sorridente estava. Sua espada, uma belíssima katana, estava suja com o sangue daqueles que ele considerava como fracos e a vergonha da aldeia. Era difícil esquecer seu rosto, delicado demais para ser de um assassino e inocente demais para carregar tantos pecados em seu ombro.  
Eu estava em pé, a última alma viva entre esses cadáveres jovens. Uma lâmina perfura meu estômago e, ainda sim, os lábios se mantiveram calados. Estava olho a olho com o assassino, com aquele que me acabará de encerrar a vida. Meu corpo caia no chão, um pouco agradecido por tudo que acontecia.
Mas, era só uma ilusão. Vivi muitas e posso dizer, ainda que como novo nesse corpo, que a realidade sempre é pior. Um rápido selo de mão e algumas palavras acanhadas que saiam de minha boca era o suficiente para me livrar dessa armadilha. Ele fora astuto embora, astuto e cruel, sabia que, independente de qual fosse a imagem que vi na cabeça do menino, aquela coisa iria me marcar por uma breve mas, intensa, eternidade.
O sorriso dessa criança perante meus olhos escuros é o último a desaparecer, seu sangue se unirá com muitos que, assim como ele, tiveram seu fim nas mãos de seu ídolo - meu pai.
- Está progredindo na arte das ilusões, Maquiavel. Porquanto, podia ter sido melhor… Muito melhor se não relutava em usar seus olhos verdadeiros.
A voz de meu pai era serena de um lado e dura do outro. As luzes do quarto deserto se acenderam e ele, em toda sua glória, estava em minha frente. Podia notar uma certa inquietação em sua face, uma certa preocupação que, obviamente, não me tinha com seu alvo.
- Hoje resolverei negócios com a família Yamato. Servirá de guarda e guia para a filha deles, uma sacerdotisa. Note meu rebento, se ela cair em mãos erradas seria um desastre político para a aldeia e, mais importante, para nossos planos.
...

Asami POV


Era mais um dia em frente as câmeras, era mais um terço de minha vida enfeitada com um belo sorriso falso. Os flashes constantes não me tiram mais do ar, é como um segundo sol para essa que nos fala. Há muitas palavras, muitos ecos que caminham até meus ouvidos imaculados. Elogios amargos, críticas doces e segundas intenções que fazem da gentileza sua morada. Pouco de novo realmente havia, eram as mesmas marionetes em um palco de cores diferentes.
Fugia da realeza, de ter súditos em meus pés mas, a realeza não fugia de mim. Eu tinha um fraco por luxo, pelo poder que ele representa. Talvez, fosse por isso que aceitava de bom grado esses trabalhos. Afasta-me do sonho sim, mas com um sabor que valia a pena ter entre meus lábios. Sentia-me que não precisava me provar a ninguém enquanto vestia isso ou aquilo, tinha o fácil sabor controle correndo como louco pela minha boca. Não sou tola, sabia que isso não passava de uma mentira. Uma doce anestesia.
Quando dizem que sua vida é a mercê de seu destino, de seus olhos violeta desde que nasceu, você faz coisas idiotas para provar que estão errados: para se convencer que aquilo era tudo menos a verdade. Sabia da ciência por trás dessas palavras, as minúcias de minha vontade e, ainda sim, estou aqui dando vida a mais um papel entre tantos outros. Já tive tantos nomes, tantas casas, que mais um não fará diferença. Só quero sentir no fim.
A imagem que dou é aquilo que esses olhos mortos, essas câmeras, tanto anseiam. O toque da perfeição, o vislumbre da estrela que me tornei. Meus cabelos, raros como diamante, lembram o sol que nos oferece o dom da vida. Irônico, seus fios são intensos e alinhados com muito esmero. Longos, se recusam a ficar em quatro paredes. Ditando o vento, alça por além de meus ombros delicados. Emoldura, de maneira sublime, meu rosto.
- Só mais algumas fotos, Asami… Será a modelo número um de Kiri se tudo correr bem. - Vou sorrindo, sorrindo como me ensinam a fazer. Sorrindo para sobreviver. Essa não é minha ambição, não é o que meu coração deseja. Mas, estou enganando quem? Isso e nada são sinônimos em minha cabeça. O fotógrafo, absoluto em suas cenas, continuava seus flashes sem fim. No que lhe diz respeito, só existo por essa lente. - Não se atrase de novo, certo? Não quero lhe dar sermão uma terceira vez essa semana...
- Você é muito gentil… - Declarou ao vento meus lábios, a verdade não podia está mais distante deles. A expressão em meu rosto era amena, digna da mais perfeita boneca que se pode encontrar em uma prateleira. Aos olhos externos, curiosos como o inferno, eu era a dama que todos almejam ter em seu colo. Ótima para uma foto. Porém, atrás da cortina, minha história era outra. Eu odiava isso, a mentira que visto todo dia em nome de um amanhã que nunca chega. - O pagamento, ele precisa ser feito hoje. Esse era o acordo… Longe de mim achar que um lorde como o senhor foge de sua própria palavra. Mas, sabe como é, não se pode confiar no cara com a câmera esses dias.
- Claro, Claro… A mídia mente. Já vai ser transferido para sua conta ou, melhor, para a de sua mãe. Ainda não é uma mulher Asami, falta muito para seu florescer. - Tirando o apetrecho de sua face, posso vê-lo bem pela primeira vez. Ele sorria, ainda que de canto, para mim como se fosse capturar seu próximo prêmio e expor em sua parede. Ele deve ter um museu, um altar para enfeitar com almas que são como eu. Um caçador era sua essência, sempre com fome. Sempre com um desejo a mais para saciar. Hoje esse desejo tinha meu nome nele. - Você tem tanto potencial criança, saia da sombra da mamãe… Vou fazer valer a pena. Uma vida de luxo, uma existência sem correntes. O sonho de todos, não?
Mais um vez eu era o centro desse palco, a estrela impaciente com seu próprio brilho. A roupa que cobre minha pele é uma boa mentira do que sou, a melhor cortina que uma garota teria a sorte de ter entre seus dedos. A beleza é uma palavra que todos anseiam, seja em si ou no outro. Ainda que vasta demais para uma só letra, uma só prisão, o mundo a quer assim. Sendo uma única palavra, uma única definição que amarra destinos e põem no canto o livre arbítrio. Esse mundo, esse sorriso falso, queimou minha infância com gosto.
Comecei a desenhar passos delicados, livres para se chocarem com a realidade fria que mantém viva meus dias na alta sociedade. Eu sorria enquanto fazia o caminho, um entre tantos logo perdem seu significado para mim. Outros o veem, o desejam para si, sem saber que ele não passa de um fantasma bem maquiado. Sobrevivência, essa é a desculpa que nos ombros carrego. A mentira para eu dormir abraçada a noite, uma só para chamar de minha.
Viver fugindo, correndo com o nome para mudar a cada nova esquina vista. Ser modelo é o trabalho perfeito para mim. Sempre trocando de roupa, sempre sendo a cobra ansiando há mudar de pele. Desta vez, um vestido azul escuro guardava minha carne macia do frio, me impedia de sair do salto alto de realeza. Uma princesa sem reino perdida em uma terra distante. A pele de animal morto passeia no horizonte de meu ombro, um casaco felpudo.
- Meu bom senhor, como posso dizer isso? Ou você para com os “negócios” ou eu darei uma de “destino” com você… Sim? - Parei no cameraman, dizendo as palavras de maneira suave em seus ouvidos. Aquilo era um sussurro, leve como o “vale felicidade” que estampa meu rosto. Ainda sim, em meio ao teatro, a verdade desfaz seu nó. Uma raiva, ainda que feita de uma bela miragem, pulsa em minhas veias. - Isso não vale só para mim, é por todas as almas inocentes que engordam sua conta.  
Aquela falando era uma estranha no espelho, um reflexo em mil fragmentos espalhados sob o chão. As palavras, sussurros em seu ouvido, era a minha vontade em sua forma mais pura. Liberdade deveria ser assim, não? Mesmo assim, algo faz meu estômago revirar e meu sangue, o meu pobre eu, se viciar. O homem corria assustado, decidido não arriscar suas palavras comigo. O terror fugia de si mesmo, ia além de sua carne de segunda e fedia digno de um esgoto. Agarrava a sua câmera, a gasolina de sua perversão, como se nela o preço de sua alma repousava.
Demorou um pouco, alguns instantes, para perceber o sino “falando” comigo, querendo emergir e tornar-me sua marionete predileta. A aura que me abraçou, por um segundo ou dois, é tão quente quanto a estrela que nunca poderia tocar ou ser. A energia, em seu tom rosado, era única e, ainda sim, tão familiar. Era meu segundo coração, pulsando comigo desde então. Seu poder, ainda que de braços com o medo, tinha um gosto que há de renegar meus lábios. O sabor de voar sem uma gaiola encontrar.
Um sorriso descia até minha boca mas, enganado ele era. Doce já não era a palavra que iria cair em seus braços. Serenos porém, livres da sanidade. Os dentes brancos estavam lá, servindo-se de ser como a neve para um outono distante. Presas pareciam, o riso de um vampiro era seu epílogo. Belos e perversos, o reflexo de uma sacerdotisa em um espelho distorcido. Assustado o animal correu, nunca esquecerá essa imagem. Tornei-me uma pintura em seus pesadelos.
- Eu acho que meu mestre está ficando gagá, você não parece a criança “boazinha” e sacerdotisa pura que ele me descreveu… Parece interessante. - Surgia uma voz, um lembrete de não me perder em minha própria loucura. Aquilo me assustou horrores, fez minha espinha arder de frio mas, uma atriz que se preze, jamais derrama sua maquiagem no palco. Amena, apenas me virava e assistia um jovem de cabelos dourados capturar minha atenção.
-  Desculpe, minha agenda está cheia… Quem é você? - Ria de maneira leve, querendo parecer mais uma ovelha na fazenda. Mas, algo me dizia que a verdade já sussurrou em seu ouvido há tempos. Ele não era como os outros, minha imagem não lhe arranca sorrisos falsos. Pelo contrário, seu olhar esverdeado como jade, transmitia algo que há muito se perdeu nessas cortinas. Sinceridade. - Se quer ver algum trabalho, minha mãe logo vai chegar. Não faço nenhum acordo sem ela.
- Agenda cheia, sério? Acabou de fazer seu terceiro chefe no mês molhar as calças… Sua mãe não vai gostar, está ficando muito na cara. Como dizem, os anjos são piores que os demônios… - O estranho apenas me olhava, um certo desdém vinha de seu semblante esguio e alto.  De fato, ele precisava se curvar para falávamos no mesmo patamar. Ao menos, parecia me tratar como igual. Alguém vai além da pura propaganda, além de ser uma “boneca perfeita” - Certo, esse aí usava suas prediletas para vender órgãos e umas “particularidades” a mais… Entretanto, estou gastando saliva em vão, já sabia disso.  

- Não mato nenhum deles mas, não vou ficar calado quando alguém precisa de mim… Se você se cala diante do mal, você também é o mal. - Digo, minha postura amena abria espaço para uma outra pessoa. Uma que não teme ser vista pelo que é, uma que deseja isso com todas as forças. Meu olhar violeta tinha um brilho, minhas veias se embriagam na adrenalina. Estou surfando em minhas emoções. - Um adulto e uma criança de doze anos sozinhos… O que acha que acontece se eu gritar? Começa a falar.
- Ok, Ok, você é uma peste astuta né? Meu nome é Ebern e sou o mensageiro da família Jaavas. - Num gesto simples, casual, ele tira de suas vestes uma carta e entrega em meus dedos. Educado, sem segundas intenções. Ainda sério, se distanciava um pouco de mim. Respeito é a palavra que assombra sua cabeça. - Sua mãe já foi informada, ela terá uma reunião com o meu senhor e, bem, ele convida Asami para um passeio pela vila.
- Falar de mim em terceira pessoa? Não, obrigado… Vejo que ainda estão resolvendo muito as coisas em minhas costas, não serei uma moeda de troca. - Pronuncio, um pouco irritante mas, sem perder a postura. Mexia em meus cabelos, nos fios de fogo do destino, de maneira discreta. Era o meu remédio pessoal contra ansiedade. - Você me tratou bem e agradeço porém, não tenho motivo para achar que sua palavra tenha algum valor.
- Gostei de você, é uma pena que terá que aguentar o filho mimado e chato de meu mestre em seu turismo… Maquiavel, um quatro olhos metido. - Ebern riria, pela primeira vez o vejo esboçar um sentimento. Uma prova de que estou falando com algo de carne e osso. Suas vestes, brancas e bem tratadas, escondem um esquisito senso de humor. - Maquiavel, Maquiavel… Tão tolo, ele perde todo pássaro que colocam pra ele guardar... Não vai ser nada de outro mundo ele perder mais um.
A última frase foi um sussurro, ao mesmo tempo tão íntimo e tão distante para mim. Eu sorria de maneira sutil, amena mas, nada mais podia fazer. Aquela que me botou nesse inferno havia chegado.
- Asami, parece que o King Jaavas já se adiantou com você… Muitos criados ele tem, não deve conseguir fazer nada sozinho...

...

Minha mãe separou um vestido vermelho longo, deixou-o para mim nesta vasta cama que agora passo os olhos. Era bonito, muito chique. Lembrava-me das vestimentas que conheceram meu pequeno corpo nos dias de glória dos bailes do País dos Demônios. Nunca pensei que olharia essa outrora com nostalgia, odiava ser a boneca de luxo de todo mundo. Sentia-me vazia, como se não controlasse minhas próprias cordas. Porém, agora que conheci a vida de perseguições sem fim, aqueles dias enfeitados e falsos não pareciam tão ruins.
Naquela época eu podia dormir sem a dúvida se o amanhã existiria para mim pairando sob a cabeça, naqueles anos meu pai ainda pertencia a terra dos vivos. Desde que fui abduzida pelo Culto de Moryõ, a paz me parece uma doce e impossível ilusão. Vivendo correndo, fugindo, não é tão divertido quanto os livros fazem parecer. Nesse punhado de anos sem casa adotei tantos nomes que quase esqueci qual era o meu único verdadeiro. Minha própria identidade.
Tocando o vestido pude sentir o quanto era macio, fino. Muito melhor do que a maioria dos travesseiros que conheci desde que me esbarrei com a escuridão. Por um momento, um breve instante no tempo, levantei na minha caótica mente a possibilidade de aceitar o abraço de Kiri sem lutar. Eu estaria segura, viveria no luxo todos os dias. Nunca mais teria que me conformar com um travesseiro de pedras, não. Era assim como uma sacerdotisa deveria viver.
Largo o vestido, o jogando no chão ao longe. A tentação passa. Não foi por isso que meu pai se sacrificou, não foi por uma princesa de porcelana ou uma moeda de troca elegante. Ele deu sua vida para que Asami pudesse viver, não a sacerdotisa. Poderia ter tudo mas esse Jaavas não é diferente dos anciões de meu longínquo País. Ver-me como um objeto, uma forma de alcançar mais poder. A partir de hoje, no testemunho dessa noite ausente de estrelas, escreveria meu próprio destino.
Finalmente viveria.
Abaixo-me, pegando atrás de uma tábua de madeira e revelando um pequeno saco de moedas surrado. Todas as minhas economias estão aqui, o suficiente para virar a página. Recomeçar em meus próprios termos. Um sorriso que misturava malícia e esperança se fazia em meus finos lábios pálidos enquanto eu guardava o pequeno pacote. Um pouco de ansiedade assombra meu coração, o acelera. Para um pássaro que viveu todos os seus dias na gaiola, a brasa da liberdade o assusta. Aterroriza.
- Desculpe mãe, Jaavas… ou destino. A sacerdotisa Escarlate tem outros planos.  
Saio do quarto, coloco a máscara. Jogarei um pouco mais esse nojento xadrez de mentiras e intenções ocultas se isso significar meu sonho alcançar.  


Maquiavel POV


Era uma manhã, por mais estranho que pareça, com um tímido sol a mostra. Basicamente, eu e ela tínhamos o mesmo comportamento. As palavras não queriam escapar da minha boca e eu não as culpo, faria o mesmo no lugar delas. Apenas observava o chão, torcendo com todas as minhas força que, ao meu lado, a sacerdotisa não tenha dúvidas em sua mente.  
Tirando esse fato incômodo, estávamos indo bem. Dançando a doce música do silêncio. A cada esquina tinha um vendedor querendo empurrar algo para ela, incentivar seu lado capitalista. Alguns, mais ousados, comentavam sobre a beleza exótica  da garota. E, por mais que eu não me atrevesse a dizer o mesmo, era obrigado a concordar.
Fios ruivos intensos realmente são raros por essas bandas e seu rosto delicado e, simultaneamente, forte era uma mistura bem vinda. Suas vestes eram modestas, ainda mais para uma sacerdotisa. Uma camisa azul escuro e calça jeans, era algo que dispensava a tradição; algo que meus odiaram se ela não fosse tão importante. Tão perigosa.
Entretanto, nada disso se comparava aos seus olhos. A chance de ter essa cor é uma em um milhão. Um violeta opaco, discreto e, mesmo assim, desperta a curiosidade de quem os observa por muito tempo. Para minha desgraça, eu me flagrei fazendo isso uma ou duas vezes  durante o passeio. Meu pai me puniria por isso, por essa fugaz distração mas, por minha sorte, ela era diferente.
- Quer saber se as lendas são verdadeiras não é? Pergunta logo, pois, não temos o dia todo… Você quer saber se eu vejo o futuro.
Sua voz era delicada, até mesmo, um pouco sonora. Não poderia tirar seu mérito por essa dedução. Apenas acenei minha cabeça, o respeito movia esse ato. Um senso de cavalheirismo antiquado. Os meus pais diriam que, categoricamente, os bons modos são uma boa forma de começar a manipulação, uma boa forma de causar uma boa impressão.
- Desculpe o desapontar, é mentira. Na verdade, é uma questão complicada que envolve minha alma...  
Nossa primeira conversa, se é que posso chamar isso de conversa, foi interrompida por penas vindo do céu, penas brancas como as de um anjo. As pessoas a nossa volta caiam ao chão, deliciosamente caindo em um sono não programado. Eu queria escapar dessa realidade mas, esse luxo fora  tirado de mim. Técnica do Templo de Nirvana, esse é o nome da culpada. Libertei-me facilmente das garras dessa ilusão e, antes que meus lábios pudessem se mexer para a avisar, a jovem Asami ela já caia em seu encanto.
A segurava antes que o solo a conhecesse, o solo frio e áspero que nossos pés são obrigados a tocar. Fisicamente, meus músculos são frágeis. Lutam para manter seu peso, regem seus dentes, em um esforço tremendo enquanto colocam seu corpo para descansar gentilmente nesse chão que em nada há merecia. A sacerdotisa estava em paz, de fato, mais parecia que as penas que voaram outrora sob nos viam de suas asas ocultas. As asas de um verdadeiro anjo de cabelos avermelhados. De fato, meu treinamento falha nesse sentindo. A programação peca enquanto me perco, em um instante que beira ao eterno, em seu belo e tão sereno rosto... Enquanto me perco filtrando seu brilhante e vivido olhar violeta com meus próprios olhos negro sem vida. Ela era estranho mas, contra meus instintos mais primordiais, era um estranho que me atrai. Uma sensação estranha, assustadora, que logo me torna seu refém mais devoto. Via nela a calmaria e, ao mesmo tempo, a aventura de uma vida que foi me negado desde que abrir os olhos neste mundo.
- Obrigado... Você tem que me ensinar esse truque qualquer dia. - Ouvia ela, com um sorriso de canto de boca fugaz mas que estava claramente se divertindo, depois de acorda-la da ilusão com o uso da Dissipação de Genjutsu nela. Faria de maneira educada, acanhada e tímida, enquanto tocava com meus dois dedos em seu pescoço quente e aconchegante quanto apenas um sol poderia sonhar em ser. Um pouco sem jeito, ofereci minha mão para ajuda-la a levantar e assim aconteceu. Cavalheiro sempre, mas sem experiência com toque humano, rapidamente se tornou claro para os olhos perspicazes de Asami que aquilo me fazia me sentir meio deslocado. Confuso. Sentindo empatia por isso, a dor que eu sentia, a sacerdotisa tentou me arrancar um sorriso, brincando comigo para que me sinta melhor. E, admito, por um momento que logo foi esquecido através das areias do tempo, foi exatamente o que aconteceu. Meu peito sentiu um calor reconfortante enquanto assistia seu pequeno e fugaz sorriso nascer. - Sabe, podia ter me acordado um ou dois minutos depois né? Estava tendo um bom sonho e tal. Eles são meio raros em pessoas como eu.  
- Teremos  Problemas… -  Eu disse cortando nossa conversa, ignorando que os bons sonhos parecem um tesouro que nos dois não temos muitos. Quem diria que temos algo em comum? Porém, ainda que conversar com ela é estranhamente tentador, algo em meus sentindos treinados dizia que nosso infortúnio estava longe de acabar. E, bem, mais uma precisão acertada minha.
...
O barulho do sino balançando, algo tão simples e que, por gerações diversas, fora protegido com sangue de inocentes. Esse era o sino em sua orelha, o sagrado brinco da sacerdotisa. Somente boatos de seu poder passaram por essas orelhas que nos falam, isso, até esse exato instante. As chamas nos consome, olho para frente e percebo o cheiro de corpos queimados, de crianças torradas.
Ainda não entenderia a origem de tamanho destruição, apenas um vasto tiro de fogo ardente ia em minha direção. O tempo não estará do meu lado e meu braço, bem me dera, estava machucado. Meus vermelhos adormecidos, eu não o segundo necessário para esquivar dessas chamas.
Calor, eu apenas sentirá o calor. Mas, não do fogo diante de mim. Não. O calor vinha de seu corpo ao meu lado, o escudo rosado de energia que me separa, gentilmente, da morte encarnada em um dragão de fogo. Seus cabelos, ruivos por natureza, se confundiam com as brasas adventas do cenário. Aos poucos, o fogo parou de respirar e, como presente, cadáveres na rua deixará.  
- Atrás de nós dois, garoto. - Dizia o anjo que acabará de me poupar, literalmente do inferno.
Por instinto me virei e pela mão da sorte saquei minha espada, o metal mais confiável que eu tive a chance de conhecer. Akagan acordou, mesmo que esse não era meu desejo primordial. Pude ver as estrelas ninjas indo contra mim, uma dezena delas, que tinha - como eu - apenas um desejo: Silêncio, o meu silêncio. Como um dançarino, porém, move minha lâmina e bloqueio todas as suas investidas.
Ou, assim, um tolo como eu pensará.
O vermelho escorria de meu ombro esquerdo, as gotas purificavam esse solo maldito. A espada, que tanto eu confiava, tombou ao chão no fraquejo de minha mão. Os joelhos, seguindo essa música, não demoraria para se juntar a eles. Era tão mais fácil se acabasse assim, como mais um corpo estirado na estrada.
E, por um momento, eu achava que tivesse acabado assim. Sabia que, lá no fundo, isso evitaria muitos pecados em minha vida, muitos erros nesse mundo quebrado. Mas, o destino nunca joga com as carta que queremos. A vida ainda pulsava em mim, assim como pulsava na garota ao meu lado. Asami Yamato, aquela que tem sua história escrita em pergaminhos. Um verdadeiro demônio para seguir.
Porém, essas não era a única vida que eu sentirá. Se fosse, isso terminaria em um jantar político entre nossas famílias. Não, essa me fora uma ignorância negada. Estávamos cercados, homens com máscaras de corvo branco e negro -  Um toque, certamente, sádico de que escreverá essa história. Suas vestes, contracenando com as minhas, era uma totalidade que brincava com o cinza, com a linha pecado ou dádiva.  
- Jaavas, você pode ser morto logo, não se preocupe. Os olhos violeta da garota, ao contrário, terão um destino mais divertido. Sua aldeia vai agradecer seu péssimo trabalho quando, ela, em chamas, arder.
Dizia um deles, não sem bem qual. Agora, pouco seus berros me importava. Trincava os dentes, sufocava o grito quando a estrela ninja, em um movimento singular, é arrancada de minha carne. O sangue descia e com ela, a promessa fugaz de uma vida serena. Eu queria acreditar que meu pai nos uniu, eu e Asami, por algo além de um turismo barato. Uma missão a mais em sua folha de pagamento. Porém, não…
Era justamente isso, mais uma missão. Mais uma narrativa entre viver ou morrer. Eu escolho o último.
Com minha mão boa guardo minha espada e, em seguida, sentindo suas costas nas minhas, entrelaço nossas mãos. Uma bomba de fumaça, minha desta vez, nos dar o tempo suficiente para correr. Posso ouvir nossos corações bater juntos mas, lhe garanto, essa não será a ultima vez.

Fim da Parte Dois
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Mensagem por Shinju Dom Jul 03, 2022 5:12 pm

!! Avaliação!!

Cometário: Gosto muito da sua escrita e narração, parabéns.
Recompensa: Rank C - 40xp, 500$ e 2 pontos de jutsu


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